Até então, o máximo de mim era a pele. Os olhos estavam nos números, nos motores, nos concretos, estavam. E apenas os olhos faziam sua função de olhar. Fora da pele havia o tudo envolto. Um tudo-plástico. Um plástico que me deixava a pele oca. Uma bexiga com gás hélio voando aleatória ao nada. Sim, uma bexiga. Não, não havia o gás hélio. O vôo era um aleatório-nada rumo ao nada.
Num filme vi um homem que sobreviveu à guerra. Um ela o fez viver. Ele queria dar uma vida àquele ela. Uma vida fora dele. Aquele ela não tinha nada a não ser o seu de dentro. Sim, era uma vida. Sim, era o gás hélio. Sim, um olho-corpo-alma. Não, não havia o vôo. Talvez o destino.
Enchi-me de gás. Reneguei o de fora e entrei em meu para dentro. Sim, o gás virou água. Sim, pesou mais leve que o ar. Voei: voei para dentro e cai no infinito de mim.
Os olhos já não viam mais números, motores, concretos. Sim, eu via. “Um ela?” Um olho-corpo.
Não: renego a guerra!
“Um ela, sim?” Não.
Saio de dentro como um corpo tomado pela gravidade. Desculpe-me mim: olho: vejo números, motores concretos. Estou numa guerra dentro de mim.
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