quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Amnésia

quis esquecer-me do mundo para que ele me esquecesse. e esquecia-me a cada dia do que imaginava o que poderia ser eu mundo outro. desconhecia-me conhecendo. e com o olhar primeiro sobre as coisas, ia me despindo do equívoco de "eu sei". sabia a cada dia que se podia saber mais e não sabendo não podia me bastar à vastidão do tudo-nada. queria transcender a margem de qualquer coisa que se fizesse existência; desinventar qualquer verdade que enquadrasse a imaginação que fosse; desfazer qualquer limite que me limitasse ir além. além quê? ainda não cheguei a quê.

sou-te e me é novo a cada dia. somo-nos segredos a serem celebrados diariamente.

(e se acaso me encontrasse e a cada dia lhe fosse lançado olhares estranhos como algo que te tivesse descoberto pela primeira vez, algo nunca testemunhado por aqueles olhos ávidos de ti? teria coragem de se expor a quem, a cada dia, te adentrava como uma luz que revela a escuridão?)

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