sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mesa

sento à mesa
(a minha, esta)

ainda não posta
ela me esconde

um copo
um prato

: uma fome

(do tamanho de minha saudade)

ela posta
aos poucos me revela

o silêncio das manhãs
(disse-me que o silêncio é a mais sincera das respostas)

às vezes esqueço

outro
copo prato (você)

hesito

um (novamente : eu)

a mesa

(da última vez você disse que precisava ir –
partir)

lições de ausência

: ir exige tempo e, acima de tudo, delicadeza.

você se foi
paciente e delicada

a mesa posta

(agora minha)

4 comentários:

Anônimo disse...

ai que lindo!

quero essa mesa pra mim

Suelen Maria Rocha disse...

Diogo, a pior parte é a despedida, pois sabemos que depois sentiremos a ausência, sentimento ainda estranho pra mim... agora penso que nunca serei íntima da ausência, pois ela tira-me tudo que me pertence... à vezes choro pra diminuir a intensidade da dor da alma... é assim... no fim eu sei que tudo nesta vida passa...
abraços da Su

-d.c.- disse...

acerca desse texto, tenho que fazer uma constatação: ele nasceu de duas frases de um texto que, por não conseguir comentá-lo, quis respondê-lo. o que também não consegui. mas as duas frases estão aí e são "o silêncio é a mais sincera das respostas" e "ir exige tempo e, acima de tudo, delicade-za." essas frases são do texto TEMPO, do blog aquele seu segredo, que está nas minhas recomendações. visitem-no. d.

Raquel Zanelatto disse...

Palavras postas à mesa, lá estão para serem mordidas, misturadas ao café do outro, degustadas...
Como é bom ver o meu escrito, reescrito - e reinventado - em meio a tanto bom gosto!