quinta-feira, 12 de março de 2009

R.

para Rafael (in memorian)

a poesia que deixaste no mundo arde no peito de cada um que fica.
e a morte não significa mais um fim
: os sentidos - todos! - tornaram-se ruínas.

cada qual, aqui, a seu modo levanta, dos escombros,
entulhos que se transforme em algum signo incandescente.

mas o sentido não vem.

e existir torna-se absurdo,
e os lugares da memória - todos desabitados.

(habitar um corpo, nestas condições, é invivível)

enquanto procuramos dentro do fogo
o segredo dos signos,
celebramos tua existência dentro de um tempo ancestral.

todos, numa orgia pan-espacial
enlouquecemos de corpo

(como existir depois de ?)

terça-feira, 3 de março de 2009

- entre

habitante de uma terra alicerçada por abismos, caminho a passos incertos de amanhã: cada passo pode parir uma morte. guiado pela vertigem, ergo ruínas que caibam meus pés, compassadamente. o caminho nasce no entre-do-pé-com-o-nada.