para Rafael (in memorian)
a poesia que deixaste no mundo arde no peito de cada um que fica.
e a morte não significa mais um fim
: os sentidos - todos! - tornaram-se ruínas.
cada qual, aqui, a seu modo levanta, dos escombros,
entulhos que se transforme em algum signo incandescente.
mas o sentido não vem.
e existir torna-se absurdo,
e os lugares da memória - todos desabitados.
(habitar um corpo, nestas condições, é invivível)
enquanto procuramos dentro do fogo
o segredo dos signos,
celebramos tua existência dentro de um tempo ancestral.
todos, numa orgia pan-espacial
enlouquecemos de corpo
(como existir depois de ?)