terça-feira, 8 de julho de 2008

Ode Descontínua e Remota Para Flauta e Oboé

I

É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.


(Hilda Hilst, IN Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão)

Um comentário:

Anônimo disse...

Não entendi direito, mas achei lindo!

bisous